O amor destina-se a fazer-nos sentir bem. Por isso, devemos sempre escolher cuidadosamente por quem nos apaixonamos e por quem não nos apaixonamos. É fácil ter uma ideia errada ou ceder às hormonas loucas e, quando isso acontece, o amor pode complicar e até destruir a vida em vez de a tornar mais agradável. E isto aplica-se a todos os amores, sem distinção. Quer se trate do amor pelo próximo, do amor pelo nosso lugar no mundo ou do amor por qualquer outra coisa. Na minha própria experiência, poderia continuar a falar sobre isso durante muito tempo. Poderia dar aqui muitos exemplos de momentos em que me senti no meu elemento, mesmo quando experimentei uma amarga desilusão.
Já vivi tantos amores que não os conseguiria colocar num só artigo. Claro que tive namoradas. Tal como a maioria de nós, rapazes, e uma minoria de raparigas. E, para mim, que era jovem na altura, este amor tinha, naturalmente, precedência sobre tudo o resto. Tal como outros amores semelhantes tiveram precedência sobre tudo o resto para mim. Apaixonei-me e desfrutei o mais que pude dos prazeres que isso me proporcionou. E, na maior parte das vezes, acabou por não resultar, mas ainda tenho uma mulher que continua apaixonada por um dos meus amores de então, que não está enferrujado. Acabou por se transformar em amizade. Por vezes, duvidam disso, mas eu sou a prova de que é possível.
Mas, claro, esse não foi o único amor com quem partilhei a minha juventude. Foi apenas o único amor que realmente valeu a pena. Além disso, nessa altura, tinha de amar, claro, o único partido certo, a União Soviética. Claro que amei a União Soviética até ganhar juízo e esse amor imposto se transformar em desgosto. E nos anos seguintes, à medida que a situação geral se alterava, passei naturalmente a amar outros lugares da Terra. Nalguns casos amei com sucesso e de forma permanente, noutros o meu amor acabou em ódio para além do túmulo. Por isso amei, continuo a amar e espero continuar a amar. Porque não há nada melhor do que o amor verdadeiro.